Cattleya cernua, entre as espécies antes pertencentes a Sophronitis, é a de mais dispersa ocorrência, sendo registrada desde a Bahia até o Rio Grande do Sul, alcançando também o estado de Mato Grosso do Sul, o Paraguai e a região de Misiones na Argentina.
Estudos filogenéticos de Cassio van den Berg publicados em 2008 e 2009, realizados a partir de marcadores moleculares, transferiram a espécie para Cattleya, juntamente com as demais espécies de Sophronitis e diversos gêneros que haviam sido segregados de Laelia, como Hadrolaelia, Dungsia e Hoffmannseggella.
Sophronitis cernua foi descrita em 1828 por Lindley, a partir de exemplar coletado no Estado do Rio De Janeiro. Vegeta como epífita e muito eventualmente como litófila (sobre rochas). Apresenta crescimento rastejante, com pseudobulbos redondos e unifoliados, aglomerados em função do rizoma curto, de cerca de meio centímetro de comprimento. As folhas são ovadas, coriáceas, grossas e quase coladas ao substrato, com uma nervura central evidente, de tamanho até 4cm de comprimento por 3cm de largura.
A inflorescência é racemosa e com até 5cm, nascendo de uma pequena espata de menos de meio centímetro de comprimento, portando de uma a seis flores, normalmente de um colorido vermelho-alaranjado, com cerca de 2cm de diâmetro cada uma delas. O labelo é de um colorido mais claro, com bordas amareladas e ápice agudo. Floresce no outono.
As flores apresentam diversas variedades de forma do colorido, algumas bastante procuradas pelos orquidófilos. A variedade de flores amarelas é uma delas, tanto na tonalidade amarelo-ouro (var. aurea) como em um tom amarelo-limão (var. lowii). Já a variedade ‘mineira’, que como diz o nome é de ocorrência no Estado de Minas Gerais, vegeta em ambiente de muito maior insolação e apresenta número maior de flores (mais de dez por racemo) e flor de tamanho menor, além de um vegetal de colorido verde-acinzentado.
O nome do antigo gênero, Sophronitis, vem do grego ‘sophron’ – modesto, pequeno. Já o epíteto ‘cernua’ tem origem no latim ‘cernuus’ (prostrado, rastejante), relativo ao hábito do vegetal.