Baptistonia venusta é espécie endêmica do Brasil, ocorrendo na mata atlântica de todos os Estados das regiões Sul e Sudeste do país, onde é encontrada a média altura de troncos onde receba muita luminosidade filtrada pelos galhos. É uma das poucas espécies de Baptistonia que pode ser identificada mesmo quando sem flor, graças à forma de seus pseudobulbos, que são alongados e relativamente achatados lateralmente, sendo menos roliços que os pseudobulbos das espécies popularmente chamadas de ‘charutinhos’, como B.cruciata, B.cornigera e B.riograndense.
Essa forma dos pseudobulbos lhe dá outro apelido entre os orquidófilos – ‘cabo-de-navalha’.
Descrita por Drapiez em 1836 como Oncidium venustum, a espécie foi transferida para o gênero Baptistonia em 2008. Tem algumas sinonímias heterotípicas, algumas bastante conhecidas e mesmo ainda utilizadas: Oncidium galeatum Scheidw. (1839), Oncidium trulliferum Lindl. (1839) – nome bastante conhecido, Oncidium dimorphum Regel (1869), Oncidium ornithocephaloides Kraenzl. (1922) e Oncidium rhynchophorum Schltr. ex Hoehne (1936).
Como as outras espécies de Baptistonia, foi transferida em 2009 para Gomesa por Chase e Wiliams, como Gomesa venusta. Dois anos depois, Americo Docha Neto, Dalton Holland Baptista e Patricia Harding criaram o gênero monotípico Campaccia, para abrigar a espécie.
O nome aceito pelo Royal Botanic Gardens é Gomesa venusta (Drapiez) M.W.Chase & N.H.Williams, enquanto a Lista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro mantém como nome aceito Baptistonia venusta (Drapiez) Chiron,, que estamos aqui utilizando.
Trata-se de espécie de crescimento cespitoso, com pseudobulbos aglomerados em touceiras compactas, com duas a três folhas cada pseudobulbo. Os pseudobulbos podem chegar a mais de 15cm de comprimento e 3cm de largura. As folhas variam entre 15 e 25cm de comprimento por 3-3,5cm de largura.
A inflorescência é muito ereta e paniculada, facilmente ultrapassando 50cm de comprimento, portando até mais de 60 flores de 1,5cm de diâmetro, amarelas com máculas avermelhadas de desenhos diversos.
As sépalas são espatuladas. A sépala dorsal tem 0,6-0,7cm de comprimento por 0,5cm de largura e as sépalas laterais, 0,8cm de comprimento por 0,4cm de largura. As duas são concrescidas na base, o que é fácil de notar quando observamos a flor por trás. As pétalas também são espatuladas, levemente encrespadas, e com 1cm de comprimento por 0,7-0,8cm de largura. O labelo é trilobado, medindo 1,3-1,4cm de comprimento por 0,8-0,9cm de largura. Os lobos laterais são planos e alongados, tendo praticamente a mesma largura na base e no ápice; o lobo médio é reniforme e emarginado, ou seja, com uma reentrância central no ápice, de formas variadas. Apresenta um bloco central de calosidades espessas e erguidas, com um calo principal bifurcado para baixo, como um pequeno nariz. A coluna mede 0,5cm de comprimento e tem duas asas alongadas em torno da cavidade estigmática e apresenta espessamento na sua parte central.
A espécie floresce no fim do verão e começo do outono.
Vamos à etimologia dos diversos nomes que envolvem esta espécie.
- ‘trulliferum’ – vem do latim ‘trulla’ (=diminutivo de ‘trua’, colher) e segundo o livro do Padre Raposo seria relativo à forma de colher de pedreiro do labelo, enquanto David Miller afirma que o nome seria alusão à forma de colher de pedreiro dos pseudobulbos.
- ‘venusta/venustum’ – vem do latim também, significando charmoso, adorável. Aplicado a esta espécie quando em flor, o termo se explica por si só.
- Campaccia, nome do gênero criado em 2011 por Docha Neto, Harding e Baptista, é homenagem a Marcos Antonio Campacci, nosso conhecido pesquisador das Orchidaceae brasileiras.